sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Às portas do Paraíso


Um post dele e pra ele já teve aqui. E ainda aparecerão muitos, tenho certeza!
Pra vocês, mais uma do meu amigo/irmão Eler.
Com vocês, sinais de Júnior Eler!!!

BARRA NOVA: VÁ, PESQUE, NADE, AME E FIQUE



A comunidade é formada, em sua maioria, por pescadores

Não tem problema ser for de carro, bicicleta, a cavalo...
Mas se for de ônibus, a passagem é uma bagatela, menos de três reais. O caminho que leva a Barra Nova passando pelo Nativo e pela Gameleira, de onde o viajante tem que completar a viagem de barco, é trilha obrigatória para quem gosta de aventura, de natureza e de gente simples e de bom coração. A comunidade é formada, em sua maioria, por pescadores e catadores de caranguejo.

A aventura começa em São Mateus. “Ô seu trocador, deixe a gente na Gameleira” – essa é a senha para quem embarca no ônibus da Viação São Marcos, que faz ponto em frente ao Mercado Municipal (às 6h30 e 15h). No Bairro Pedra D’água, em direção à Ilha de Guriri, o ônibus vira à direita, pega uma estrada de chão e logo se vê o Bairro Liberdade (surgido do ‘lixão’), onde as mulheres ainda conservam o hábito de lavar vasilhas e roupas na água do rio, mesmo com crianças por perto tomando banho. A mulherada raramente se deixa fotografar, mas as crianças fazem até pose.

E toca o ônibus. Logo à frente o matuto tranqüilo, sentado debaixo de uma árvore com um pedaço de capim na boca, saboreando um fumo de rolo e olhando despreocupado o horizonte. O ônibus parece até ter passado despercebido. Crianças brincando de bola, botecos e gente feliz, jogando sinuca e bebendo cachaça – na roça todos são bem recebidos. “Ué, vocês não vão descer?” – pergunta o trocador. Ele deixou o ponto passar. Se por acaso a Gameleira ainda estiver longe, não tem problema: na região do Nativo o vaqueiro Nelinho aluga sua carroça por menos de uma garrafa de pinga – da boa. Bradock, Pinck e Bethooven, seus três cães e fiéis escudeiros, o seguem à pé, no mesmo ritmo que o burro Curió, que puxa a carroça com os viajantes.

Pelo caminho, Bradock deixa bem claro para a cachorrada da vizinhança quem é que manda. Deu tempo até dele arranjar uma namorada. Quando aparecer um lugar cuja água é límpida e mansa, as pessoas parecem estar sempre sorrindo e o mato é sempre verde, então é a Gameleira. E lá tem mangue. E onde tem mangue tem caranguejo, onde tem mar e rio tem peixe, e onde tem peixe tem pescador. E onde tem pescador também está presente o João Péla Viúvas, ou o João da Gameleira, que o jornalista Antônio de Castro – que conhece a região a cavalo – garante ser gente da melhor qualidade. “Fala com aquele sujeito que ele está sujo aqui, não precisa mais aparecer” – o João da Gameleira parece bravo. “Por quê, seu João?” “Porque ele nunca mais deu notícia. Deve ter esquecido o caminho...” – o João da Gameleira parece estar com saudades. “Pois já falei seu João. E ele falou que a distância é a mesma. E disse mais: na época da eleição vai vir aqui pedir o voto e, então, verá se vocês são machos mesmo” – gargalhadas. “Mande um abraço” – o João da Gameleira parece uma mãe, de tão bom.

Barcos passam pra lá e pra cá no Rio Campo Grande, que mais adiante recebe outros afluentes e ganha o nome de Mariricu. Num dos barcos, muitos evangélicos da Igreja Assembléia da Gameleira com destino a um culto em Barra Nova. Louvor sobre as águas. Hinos, violão, chocalho e até guitarra. As irmãs com sorrisos marotos, de mãos dadas com os garotos, seus futuros esposos, olhando para o pastor, que pedia a proteção a Deus na viagem. E toca o barco. A água parece ter dominado tudo no Planeta chamado Terra. Muitas entradas para lado nenhum, e para todos os lados, um verdadeiro labirinto. Vinte minutos depois o ronco do motor diminui. Pronto. Barra Nova se fez terra firme!


Se as pousadas – que cobram menos que dez latinhas de cerveja o pernoite – estiveram lotadas, não tem problema: no Bar do Samburá vende cerveja, cachaça e mocotó (que ele garante ser o melhor da região) – e lá se pode ficar até o dia raiar. Também tem o Bar Siri na Lata, o Maresias, o Bar do Zitônio, o Bar do Sossego, do companheiro Amado, que vende o melhor pastel de siri do mundo...

Lá tem não polícia fixa, mas também não tem ladrão. Tem ainda a prainha, o mar, o rio, o encontro do rio com o mar. É mesmo a extensão do Paraíso. Verde denso, silêncio de mar, paz de rio manso, liberdade do descanso, alegria de luz refletida nos espelhos naturais movidos pelo vento, gente sorrindo feito gente feliz.

No domingo à tarde (segunda-feira é dia de trabalhar) é hora de voltar, mas dessa vez só de ônibus, passando por Guriri. A passagem de volta também é barata, custa pouco mais que um mocotó no Bar do Samburá. A semana vai demorar a passar para a viagem a Barra Nova ser refeita. É um lugar perfeito para pescar, nadar, amar e ficar. Leve duas redes: uma para pescar, outra pra dormir. 

Júnior Eler


Barra Nova - ES
Lugar abençoado por Deus e bonito por natureza!!!


Fotos By TL

2 comentários:

  1. Caraaaaaaaaaaaaaaaaaaacaaaaaa!! Que delícia de lugar. Viajei junto com as palavras. Sou apaixonado por lugar e gente simples. Acho que vou preparar minhas redes...
    bjão

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  2. Amei seu texto também? Teria o nome ou telefone de alguma pousada lá, sem ser a Aratu, que está muito onerosa...

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