De uns anos pra cá, a cada ano
que se encerra, determino pra mim metas para o ciclo que vai entrar. Para este
ano, uma das coisas é cuidar da minha saúde. Em março comecei a fazer
acompanhamento nutricional, e ontem, em minha consulta de retorno, comentei com
minha nutricionista que estou cheia de vontade de comer pão francês, que quando
penso neste alimento que não está listado em minha dieta cotidiana, minha boca
vira um brejo!
Ela me olhou, sorriu e disse
que eu posso. Até porque, se surpreendeu com meus resultados. Bem em frente ao
Espaço que realiza os atendimentos, tem uma padaria daquelas grandes e bonitas... E ainda na fala dela,
lançou: você foi muito bem, passa ali, compra o pão e pode comer. Eu sorri. Porém,
repliquei que como neste fim de semana irei pra casa de meus pais, prefiro
priorizar a comer este pão lá. Na sequência de conversa, ela me disse que meus
resultados foram além dos que ela esperava, justamente porque eu tenho
priorizado em minha mente o que é mais viável pra mim.
A consulta terminou e retornei
pra minha casa. Ao chegar, abri a porta e fiquei parada olhando a estrutura
montada e ambiente limpo e agradável. Ainda sem entrar, observei e
refleti detalhes... Apesar de não ser um espaço grande, tudo o que compõe é
resultado de esforços unicamente meus. Desde móveis, utensílios, comida,
organização e limpeza.
Entrei, tomei banho, acessei
minhas redes sociais, preparei meu jantar, sentei à mesa e conversei comigo
sobre tudo o que vem acontecendo em minha vida. Sobre tudo o que tenho sido
permissiva. Sobre tudo o que não sei que/se quero. Sobre tudo o que tenho
certeza do que não quero para mim.
Quando estou em minha
solitude, me sinto mais forte mesmo que não completa. Mas, neste contexto sigo
na certeza de que se alguém estiver apto a somar em minha vida, que seja de
modo recíproco. Do mesmo jeito que maturidade é saber a hora de ir embora e
deixar ir, é também entender que quem queira permanecer te priorize: seja com
um bom dia antes da primeira postagem numa rede social, administrando dias e
horas semanais para ser e estar presente, compartilhando e partilhando de conquistas
e situações embaraçosas cotidianas, dando continuidade à aquele assunto
iniciado numa ligação, mensagem ou pessoalmente, e fazendo entendido e entender
que cada um tem identidade própria e o respeito deve ser o alicerce de relacionamentos
de todas as esferas.
Relacionamentos são como o
brinquedo Lego: para que dê certo, as partes precisam se encaixar permitindo
muitas combinações. Que sejamos mais Lego e menos ego!
Thaís Livramento
06 de abril de 2020