segunda-feira, 18 de maio de 2020

'FelizCidade'


Ontem eu parei pra refletir que preciso fazer uma limpa em meu guarda-roupas. Quando cheguei em São Mateus, inicialmente com a proposta de permanecer por cerca de 3 meses, sobravam espaços e cabides. Depois de algum tempo, com a estabilidade profissional, adquiri uma cômoda. Tudo bem que eu poderia trocar meu jogo de quarto, porém, resolvi mantê-lo com o fim de economizar tempo e dinheiro, e entender que naquele móvel deve caber apenas o que realmente for de meu uso, uma vez que constantemente renovo meu vestuário. Porém, de um tempo pra cá não tenho feito o desapego de peças que possivelmente não mais usarei.
O desapego sempre estará vinculado ao novo, e o novo assusta. O ser humano é tão materialista, que além de ser tátil, muitas vezes não muda pelo simples fato de se encontrar numa zona de conforto. O tempo passa, e ele é uma das coisas mais valiosas da vida. Quando escrevo a palavra ‘muda’, me remete ao verbo e à falta de voz. Por muito tempo estive muda e este tempo já passou. E quanto ao passado que pode até servir de referência, sempre terá o seu lugar: onde ele está.
Detectei que preciso mudar de casa, alçar novos voos, subir cada vez mais. Os ciclos se abrem e se fecham, e eu já consegui provar pra mim mesma que o que preciso fazer é me impulsionar, entender os sinais em respostas de preces, e seguir a favor do vento que sopra em minha direção, e não na dos outros. Principalmente daqueles que querem abrir asas, mas busca impulso pisando na cabeça de alguém. Não tenho do quê e nem posso reclamar da minha vida, porém, permanecer estática numa situação não combina comigo porque eu sou puro movimento.
Guardo malas em cima do meu guarda roupas, e de um tempo pra cá, observei que quando preciso passar dias fora de casa, coloco meus pertences sempre na menor. Isto significa que eu aprendi a carregar o que é essencial com mais facilidade. Hoje a minha bagagem principal consiste ao que é importante ter apego e às minhas vivências, e não às roupas dobradas e penduradas.
Aceitar e entender as mudanças demanda tempo, e nele vem a maturação... Seja ela com dias de chuva e frio no verão, ou de calor intenso no inverno. A vida é feita de banhos de chuva que lavam a alma quando, em dias de pandemia, não é aconselhável sair de casa pra se tomar banho de mar.
É preciso nos reinventarmos a todo instante de modo que isto aconteça com naturalidade, e sem forçação de barra ou energia positiva gasta a troco de nada. Percebo que amadureci quando no meu pacto de amor próprio venci traumas, e que as decepções fazem parte da vida que deve seguir sempre adiante.
Hoje me encontro mais madura ao selecionar pessoas para fazerem parte de mim, e entenderei que meu lugar é onde exista reciprocidade. Sempre tive um bom coração, mas, fazia muito tempo que eu não o sentia batê-lo com tanta leveza, tranquilidade e paz. Estou permissiva à abertura de um ciclo em que as afinidades e construções participativas se sobressaiam, e a distância seja apenas um detalhe essencial para uma proximidade contínua em um futuro muito próximo.



Thaís Livramento
18 de maio de 2020


segunda-feira, 4 de maio de 2020

Eu sou a luz das estrelas


Ontem eu ganhei um presente. E fiquei um tanto maravilhada com a surpresa. Eu não esperava receber um carinho materializado com tantas descrições minhas, de uma leitura inteligente e sensível feita em pouquíssimo tempo.
“Você tem uma frase que te representa?” – foi dito assim, fora de todos os contextos, em uma despedida após um sábado inteiro de produção científica. E, sorrindo, disse que tenho uma do Raulzito, que me referencia bem: “Eu sou a luz das estrelas!”.
Minutos depois, já em ambientes diferentes, a frase foi perguntada novamente, e desta vez foi entregue de forma escrita. Sono, sonhos e descanso físico e mental. 
A manhã de domingo foi de calmaria, solitude, interiorização, leituras, meditação, e escolhas de como o dia seria melhor aproveitado. E de muita oração também.  A tarde chegou, e com ela, um presente único e exclusivo neste mundo grandão! Que lindo! Quanto carinho e energia boa em algo confeccionado para mim, pensado e pensando em mim, que compõe tão bem algumas de minhas características: única, sustentável, raulseixista, marcante, rústica e sofisticada simultaneamente, detalhada, um tanto significante com o coração mesmo quando desenhado, dedicada, surpreendente, e brilhante – como a luz das estrelas!



Thaís Livramento
04 de maio de 2020