sexta-feira, 5 de julho de 2019

Meu melhor show de Rock


Desde que acordei estou com um sorriso emocionado. Acontece é que já fazia muito tempo que eu não sonhava com meu tio Celso, que partiu este plano em abril de 2017.
Ele tinha prazer e dom em cozinhar, trabalhar, filmar (e detestava ser filmado!), fotografar, contar piadas, criar, sorrir e nos tirar gargalhadas... Dele, tive as melhores influências  culturais, principalmente para músicas. Eu era criança e lembro que chegava em seu quarto e ficava vislumbrada com o tantão de vinis decorando as paredes e estantes, as gavetas empanturradas de fitas k7, sua câmera filmadora M8, uma coleção de All Star de modelos variados, entre outras bagagens que bem me instruem até hoje. Quando pedia para ouvir algo diferente do que compunha a sua coleção fonográfica, meu tio respondia: "no futuro você vai me agradecer pelo que ouve hoje". E em meados da década de 80 ele já tinha razão.
Em 2018 comecei a investir em shows um tanto maneiros que os desejos de sua presença física ali, ou para ouvir meus relatos, eram/são tão grandes, que na última noite Deus me presenteou com um sonho um tanto real.
Acontecia um festival de Rock, e eu saí pra comprar cerveja e hambúrguer. Quando voltei, fixei o olhar em um homem que chamou um tanto a minha atenção. Com aspecto mais esbelto, ele vestia uma blusa vermelha por dentro da calça e usava sapatênis. Seu rosto estava com mais sinais da passagem do tempo, e carregava óculos de grau cromados na cor dourada. O traje era algo que remetia a década de 70. Na medida em que eu me aproximava, parecia não acreditar. Cheguei bem pertinho e constatei que era meu tio Celso. Quisera eu ter o dom de desenhar para reproduzir esta imagem... Ele dançava curtindo ao som do bom e velho rock’n’roll. Ao ficarmos de frente um pro outro, ele me olhou e sorriu balançando a cabeça com sinal positivo, me informando que tava tudo bem. Quando estendi a mão para tocá-lo, uma voz me disse que não seria possível, aí acordei.
Não tenho dúvidas de que essa voz era de Deus, e que realmente ainda não é o tempo de reestabelecermos contato de toque. Rezei. Pedi pela alma do meu tio que em sonho me disse que está tudo bem. Tentei dormir novamente para continuar viver aquele sonho real. Não foi possível, mas, permaneci deitada e imaginando que de onde tio Celso estiver, ele tá sacando os shows que eu tenho ido e gostaria de relatá-lo com detalhes.
Tio Celso se despediu deste plano com pouco mais de 50 anos e deixou um grande legado pra uma galera que não se resume apenas em nossa família. Ele será para sempre uma lenda e presença além do céu. Obrigada, tio... Por tudo! Jamais deixarei de te amar!






Thaís Livramento
05 de julho de 2019

quarta-feira, 27 de março de 2019

Sobre Escolhas

Se é negada, não é solidão. Esta frase é uma afirmativa minha, após ler artigos na área de Psicologia relacionada ao termo ‘errância’.
Tudo começou quando uma prima psicóloga sugeriu que eu conversasse com meus irmãos - também psicólogos (é psicólogo demais! Hahahaha) sobre isto. Porém, por morarmos em cidades diferentes e quando nos encontramos tipo a cada quinzena, os assuntos e contextos são outros. Boa leitora que sou, resolvi estudar o assunto e, possivelmente, interpretá-lo de meu modo, cheio entrelinhas leigas.
Este assunto veio à tona quando, em uma viagem, contei à prima de um possível investidor a ocupar a vaga do meu coração. Aos olhos nus, ele era um cara fantástico! Eu estava disposta a permití-lo entrar em minha vida, após avaliar a real do contexto e constatar que a pessoa fantástica da história sou eu, pois consegui fazer a leitura de algo que seria uma tentativa que não nos levaria a lugar algum.
Ele - um tanto mais velho que eu - falava em experiências, vida a dois, e construção de família. Até aí tudo bem. Mas, dia em que eu detectei que nossas afinidades não eram compatíveis, lembrei de uma foto que fiz há cerca de 10 anos.
A imagem mostra um andarilho, que provavelmente percorreria um longo trajeto a pé, com um saco envolvendo seus pertences, sem destino certo pra chegar. A verdade é que todos nós temos bagagens, inclusive de exemplos passados que não devemos repetir. Caminhar faz bem para a saúde física e mental, e é super louvável para quem pode conduzir os próprios membros. Porém, não traçar um caminho e não focar nos objetivos, passa longe de ser assertivo.
Morar sozinha e não ter um companheiro, não significa estar fechada para as relações afetivas, mas também não quer dizer que este estágio esteja relacionado à solidão. Não. Nem de gozo, tampouco de desejo. E sim de escolhas.





Thaís Livramento
27 de março de 2019

segunda-feira, 11 de março de 2019

Na Sua Estante

Por duas vezes ele a perguntou se ela escreveria sobre aquela experiência, e ela duvidosa disse que que não. Porém, a dúvida causa subjetividade. Ela resolveu eternizar nas entrelinhas as escritas das memórias que precisariam de HD’S de muitos tera.
As memórias virtuais podem ser apagadas com a ação do tempo. Diferente das reais. Os olhares, reações, expressões de vontades e reciprocidades, o pedido para o assento ao lado, as mãos entrelaçadas, a ousadia das carícias na perna, o encontro de bocas. O beijo deu match e as línguas falaram com o corpo.
- Onde é que você estava este tempo todo?
- Eu estava aqui o tempo todo, só você não viu!







Thaís Livramento
11 de março de 2019