terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Discurso Paraninfa


Naquele fevereiro de 2013, eu parecia um tanto ‘perdida’ diante de 104 alunos... Como foi desafiador dançar, pular, perder a paciência, requebrar, sorrir e sorrir. Sim, quando se trata de vocês, o sorrir prevalece. Como evoluí como pessoa e profissional convivendo com vocês!
Cada chegada na turmona, era como o nascimento do sol. Minhas mãos eram pequenas e as palavras não cabiam em minha boca. Sem perceber, na busca de eu desenvolver bem o ofício, vocês me carregavam com braços fortes ao mostrar pra mim o quanto estavam determinados. 
Cantamos... E mesmo que um tanto desafinados, até hoje nos encantamos! Cada hora um, ou logo, juntos, mas, sempre um só em ternura. E o vento lá fora sem cessar...
Nossas mãos cresciam e já falávamos nossas palavras em conjunto. Conhecimento. Davam-me alento. 
Os passos que deveriam ser de gigantes, que eu tanto me orgulhava em assistir os tropeços (os meus e os seus), faziam com que caminhássemos juntos à medida que nossos passos curtos, aos poucos se tornavam maiores, de aprendizes.
Vieram as palavras escritas e junto delas as contas da Teoria Matemática da Comunicação. Ou vocês já esqueceram que com os ‘ruídos’ a vida fica muito incompleta?
Como é válido lembrar das armações de datas shows e das nossas armações, né? E aqueles teatros que transformavam não só uma sala, mas envolvia todo o bloco? Pessoal... Até feira de metodologia nós fizemos, e desta vez, envolvemos todo o campus. Vocês são tão barulhentos – até hoje – que talvez esta tenha sido nossa primeira identificação. Porque onde tem barulho, um movimento... Cá estou! E como é bom fazer barulho que ecoa amor... E como é bom amar vocês...
Vocês incomodaram muito. E incomodaram no bom sentido. Sabem por quê? Porque são iluminados e produtivos, e este tanto de luz própria sentada aí, ultrapassam as luzes natalinas e mandam vê como a maior das maiores constelações!
O vento lá fora continua soprando sem cessar. E o a previsão do tempo é: ele tá passando. E vocês se deram conta disso, arregaçaram as mangas e tenho certeza que continuarão mandando vê! 
O aprendizado é eterno: a vida na escola, escola da vida e educação familiar. 
Neste momento o sol ainda não está a pino, eu sei. E como vocês, sei de mais uma meia dúzia de coisas. E só. 
Aproveito a ocasião para parabenizar, além da turmona de Pedagogia, os formandos do cursa de Psicologia, colegiado que também tenho orgulho em fazer parte. Represento também a paraninfa de Psicologia, Dany Lorenzon. Parabenizo o patrono da turma A, Adaleir, que tem minha admiração. E a turma B, por coincidência, tem como patrono o meu irmão André, psicólogo e mestre nesta profissão tão linda, amada e respeitada. Ah, para não causar ciúmes, minha irmã professora Anny, é lindo vê-la atuar na área também! Bem  como todos os professores aqui representando nossa respeitada instituição de ensino.
E eu sou a única filha de meus pais que não escolhi seguir a área da psicologia. Mas, é imensamente válido lembrar, que mesmo eles psicólogos e eu jornalista, nós três escolhemos nos dedicar ao ensinar e ao saber em sala de aula. Ah, galera da Pedagogia, que delícia é ser e estar professora! 
E junto disto, inclui-se a certeza de que o vento lá fora sopra sem cessar, e que hoje podemos dar as mãos e nos abraçar mais que antes. Podemos também caminhar buscando brisa e frescor no vento, que não para de passar; ou como o tempo, que não cessa de soprar.
Que Deus, em sua infinita bondade, segure as mãos de cada um de vocês e continue os guiando no caminho do bem, do amor e de muita luz. Madrinha jamais deixará de amar esta turmona! Sucesso pra nós!!! ❤


quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Do meu melhor contador de histórias

Se tem uma coisa que me amarro em fazer, é contar histórias. Das boas raízes hereditárias, tenho orgulho em dizer que adquiri esta característica do vovô Tião.
Lembro que quando escolhi estudar Jornalismo, contei pro vovô. Ele sorriu e disse que queria me ver na Globo e denunciando a bandidagem pra ver se acabava com os 'drogueiros'. Êita, vovô... Quando me formei ele não pôde ir porque era muito longe, mas em nosso primeiro encontro após minha formatura, ele me recebeu usando uma blusa com minha foto. Me abraçou, parabenizou e me desejou sucesso e sorte.
Hoje, em quase 11 anos de atuação no mercado, confesso que TV ainda é uma das minhas paixões, mas o que me fascina mesmo é escrever, casar as palavras. Pra mim, escrever só não ganha de quando posso sentar com pessoas bacanas e contar histórias, fatos reais. Sejam jornalísticos ou não. E neste 'ou não', o mais gostoso é reproduzir as histórias vividas e contadas com/por vovô Tião.
Quando narro estas coisas legais, percebo que as pessoas param para ouvir e muitos que conheceram meu avô, participam com mais vivência e agregam valor ao meu baú de histórias. E as que não conheceram, mergulham no mundo que eu faço questão que não seja só meu e se aproximam de uma pessoa que já foi embora e neste plano não conhecerão.
Ah, vovô... Por quê você foi embora... Tínhamos tantas coisas para viver juntos... Você podia tanto tá aqui para ouvir as histórias da minha vida... Elas são bem legais também, sabia? Muitas engraçadas, outras com sentidos de superação e lições de vida, e tem até umas que que há quem duvide! Hahahahahahahaha...  Fico imaginando você aqui...
Hoje, dia após Finados, é o 9º aniversário da sua morte e eu ainda não superei e nem me acostumei com sua ausência. Ter ouvido de sua boca que sou (nunca usarei 'era' para esta situação) sua neta preferida, não me torna melhor que meus irmãos e primos, mas, certamente é algo que lembro com muito amor e orgulho. Assim como todas as nossas histórias vividas, contadas e reais!


Thaís Livramento
03 de novembro de 2016.  

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

O Amor das Cartas de Amor

Embora seja um fato recente, já não é mais tópico inicial da mídia os comentários sobre o fim do casamento dos jornalistas Fátima Bernardes e William Bonner. Quando soube da notícia pela internet, confesso que fiquei pensativa sobre o assunto, mas em nenhum momento triste e boquiaberta como tantos, que, inclusive, chegaram a mencionar que desacreditam no amor.
Fiquei analisando e triste ao observar como existe tanta gente que descredita no amor e quer dosar a própria felicidade nos fatos e acontecimentos da vida alheia. O fato que ‘explodiu’ na mídia há poucos dias (não parei para contar e nem pesquisar quantos), já deixou de ser comentado pelas pessoas que mais se manifestaram e até comportaram luto ao fato.
O amor é um sentimento tão bom e bonito para ser banalizado... As expectativas de buscar no outro, sejam famosos ou anônimos, o amor por meio de tendência, tira a evidência que amar é ‘cafona’ e que poucas pessoas tem coragem de assumir tamanha cafonice e usar o ‘mesmo look’ por tanto tempo. Neste contexto lembro ainda da poesia “Todas as cartas de amor...” de Fernando Pessoa (http://www.releituras.com/fpessoa_cartas.asp).
Ridículo mesmo é deixar de viver e querer tomar conta da vida alheia, interferir de formas negativas em relacionamentos, querer basear sua história na do outro esquecendo-se e que sua vida é única e tem identidade própria, e mais que isto: acreditar que só é possível ser feliz se tiver um companheiro (a) ao seu lado. O amor mais gostoso e verdadeiro é aquele que, depois do de Deus, existe dentro da gente.



segunda-feira, 4 de abril de 2016

A Borboleta Preta

Hoje à tarde eu vi uma borboleta preta entrando em minha casa. Junto ao significado da liberdade e de que a cor preta é a concentração de todas as cores juntas, observei a frequência das asas dela e não a impedi de seguir seu caminho. Algumas horas depois fui tomar banho e lá estava ela. Com cuidado toquei-a de dentro do box e ela pousou na planta artificial do arranjo do banheiro. Terminei o banho e comentei com minha mãe:
- Mamãe, desde cedo esta borboleta está aqui em casa!
- Ah, é? Então faça um pedido a ela! – disse minha mãe.
Mamãe saiu, sorrindo se despediu a caminho da casa da minha avó. A borboleta está em meu quarto e a presença dela, neste momento, é minha única cia. A observei mais e vi que ela não é preta de perto, só de longe. Nem sempre as coisas são o que parecem. Não pedi nada a ela, apenas a agradeci o quanto ela me despertou para em mais um contexto, poder avaliar minha metamorfose ambulante. 




domingo, 13 de março de 2016

Passados Presentes

Lembro com perfeição e detalhes, o dia em que fui até o consultório médico apresentar um exame de sangue, o qual após lido constatou que posso ter dificuldades para engravidar. Como foi difícil receber e processar esta informação... Mas o tempo passou e eu entendi que possibilidades de ser mãe com filhos gerados da minha barriga existem – por menores que sejam, além de existirem outras formas de me tornar mãe, uma vez que muitas crianças nascem de outra barriga para serem amadas e geradas nos corações de outras pessoas.
Uma coisa que marcou muito este contexto, foi que meu exame apontou que tenho FAN Positivo - que é um grupo de auto-anticorpos em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico. Todas as pessoas que têm Lúpus - doença autoimune que pode afetar principalmente pele, articulações, rins, cérebro, e também todos os demais órgãos, têm FAN Positivo. Mas uma minúscula parcela (tipo 1 em 1 milhão) das pessoas que tem FAN Positivo, não têm Lúpus. E foi bem isto que a reumatologista me explicou: nesta situação, eu sou 1 em 1 milhão!
Pois bem, por qual motivo estou contando esta história que nunca tornei pública?
Vamos lá: Há 17 anos tive um amor de adolescência que marcou muito. Namoramos. De um jeito bem inocente, namoramos. Por uma série de razões, nos distanciamos. Mesmo que o tempo tenha passado, sempre que nos víamos ficávamos incomodados. Inclusive, evitávamos nos encontrar. Ele sempre foi lembrado nas conversas que surgiam com amigos de infância em comum, bem como eu nas dele. E o tempo passou. Uma vez ou outra nos víamos de relance, talvez passando na rua. Nem sempre nos cumprimentávamos. Algo do passado incomodava. Pelo menos a mim. E a ele também.
O tempo passou. E passou. E passou mais. Muitas coisas aconteceram em minha vida e na dele também. Dentre estas coisas, tive alguns namorados e cheguei a casar. E ele também. Bem muito antes de mim ele se separou e eu tinha planos em meu casamento, dentre eles, ser mãe. E não fui. Por uma série de razões desgastantes, meu casamento acabou, e no início do segundo semestre do ano passado, resolvi não viver mais de aparências matrimoniais e dar o pontapé inicial para a separação. Separei-me. Ao saber da separação, o amor da adolescência se aproximou de mim de uma forma diferente: eu em uma cidade e ele em outra que fica há cerca 300 quilômetros de onde moro. Mesmo distante fisicamente ele se tornou uma pessoa muito próxima em um momento muito difícil pra mim.
Passou um tempo, nos encontramos pessoalmente pela primeira vez. A sensação de borboletas na barriga de quando éramos adolescentes foi a mesma naquele momento. Conversamos. Como no passado, até o primeiro beijo da segunda temporada foi desconsertado. E nos despedimos. O contato por celular e rede social passou a ser diário e frequente, e, desde então, sempre que podíamos nos víamos. Começamos a namorar. E, sempre que podemos nos encontramos pessoalmente.
Há poucos meses estamos namorando e, mesmo que tenhamos passado por diversas situações que inicialmente tinham a intenção de nos afastar e interromper nosso relacionamento, estamos muito felizes. Muito mesmo! Ao contrário das intenções maldosas, no uníamos mais. E permanecemos nos unindo mais.
E o que tem a ver esta história com a que iniciei este texto? Que pela segunda vez, fui 1 em 1 milhão! Quantas pessoas gostariam de poder reativar uma história do passado, pra saber o que resultaria no final, após adquirida uma maturidade? 
Olha, se este relacionamento é pra sempre, eu não sei. Até porque, o pra sempre eu já busquei e não foi. O que tenho certeza é que só saberei se posso gerar filhos ao conseguir engravidar. O que tenho para o momento é poder gerar, ao lado de uma pessoa que faz muito por mim e me faz muito bem - e vice-versa, são bons sentimentos que há muito tempo eu desconhecia! E ele também. 

♪ Beija eu,
Beija eu,
Beija eu, me beija.
Deixa
O que seja ser ♫
(Marisa Monte)