Desde que acordei estou com
um sorriso emocionado. Acontece é que já fazia muito tempo que eu não sonhava
com meu tio Celso, que partiu este plano em abril de 2017.
Ele tinha prazer e dom em cozinhar, trabalhar, filmar (e detestava ser
filmado!), fotografar, contar piadas, criar, sorrir e nos tirar gargalhadas... Dele,
tive as melhores influências culturais,
principalmente para músicas. Eu era criança e lembro que chegava em seu quarto
e ficava vislumbrada com o tantão de vinis decorando as paredes e estantes, as
gavetas empanturradas de fitas k7, sua câmera filmadora M8, uma coleção de All
Star de modelos variados, entre outras bagagens que bem me instruem até hoje. Quando
pedia para ouvir algo diferente do que compunha a sua coleção fonográfica, meu
tio respondia: "no futuro você vai me agradecer pelo que ouve hoje".
E em meados da década de 80 ele já tinha razão.
Em 2018
comecei a investir em shows um tanto maneiros que os desejos de sua presença física
ali, ou para ouvir meus relatos, eram/são tão grandes, que na última noite Deus
me presenteou com um sonho um tanto real.
Acontecia um
festival de Rock, e eu saí pra comprar cerveja e hambúrguer. Quando voltei,
fixei o olhar em um homem que chamou um tanto a minha atenção. Com aspecto mais
esbelto, ele vestia uma blusa vermelha por dentro da calça e usava sapatênis. Seu
rosto estava com mais sinais da passagem do tempo, e carregava óculos de grau
cromados na cor dourada. O traje era algo que remetia a década de 70. Na medida
em que eu me aproximava, parecia não acreditar. Cheguei bem pertinho e
constatei que era meu tio Celso. Quisera eu ter o dom de desenhar para reproduzir
esta imagem... Ele dançava curtindo ao som do bom e velho rock’n’roll. Ao ficarmos
de frente um pro outro, ele me olhou e sorriu balançando a cabeça com sinal
positivo, me informando que tava tudo bem. Quando estendi a mão para tocá-lo,
uma voz me disse que não seria possível, aí acordei.
Não tenho
dúvidas de que essa voz era de Deus, e que realmente ainda não é o tempo de reestabelecermos
contato de toque. Rezei. Pedi pela alma do meu tio que em sonho me disse que
está tudo bem. Tentei dormir novamente para continuar viver aquele sonho real.
Não foi possível, mas, permaneci deitada e imaginando que de onde tio Celso
estiver, ele tá sacando os shows que eu tenho ido e gostaria de relatá-lo com
detalhes.
Tio Celso se
despediu deste plano com pouco mais de 50 anos e deixou um grande legado pra
uma galera que não se resume apenas em nossa família. Ele será para sempre uma
lenda e presença além do céu. Obrigada, tio... Por tudo! Jamais deixarei de te amar!
Thaís
Livramento
05 de julho
de 2019
Lindo relato! 👏👏👏 Ele está em paz!
ResponderExcluirMuito lindo! Se hoje amamos música, cinema, o que abreviamos pata audiovisual, foi por grande influência de Celsão. Ainda tenho as fitas, ainda temos os vídeos. Só que o que temos de mais presente é a saudade.
ResponderExcluirPôxa vida, ao mesmo tempo em que agradeço a Deus cada instante que pude compartilhar da companhia de Celsão, fico triste pelo fato dele não ter se tornado famoso, pois seria o mais indicado para dizer algumas verdades ao grande público hoje, no que diz respeito à cena cultural. Quando lembro a atenção que ele tinha com a gente, de ficar gravando as fitas cassetes com Elis, Chico, Vinícius, Caetano, Agostinho Santos, Clara Nunes, Cartola Ney Matogrosso, Beatles, Eelton John enfim, enfim, de se preocupar realmente com as músicas que a gente estava ouvindo, de incutir em nós, espíritos prá lá de rudes o amor pela arte, de sempre trazer a gente para o convívio familiar, de cuidar, de dar esporro, de correr atrás pra ajudar... ah(!), tanta coisa que nem sei o que dizer e muito menos como agradecer. O consolo é que vocês estão aí, fazendo valer o legado de Celsão. Morri de inveja, pois gostaria muito de estar nesse sonho aí!
ResponderExcluirMagnífico texto!👏👏👏👏👏
ResponderExcluir