segunda-feira, 4 de maio de 2020

Eu sou a luz das estrelas


Ontem eu ganhei um presente. E fiquei um tanto maravilhada com a surpresa. Eu não esperava receber um carinho materializado com tantas descrições minhas, de uma leitura inteligente e sensível feita em pouquíssimo tempo.
“Você tem uma frase que te representa?” – foi dito assim, fora de todos os contextos, em uma despedida após um sábado inteiro de produção científica. E, sorrindo, disse que tenho uma do Raulzito, que me referencia bem: “Eu sou a luz das estrelas!”.
Minutos depois, já em ambientes diferentes, a frase foi perguntada novamente, e desta vez foi entregue de forma escrita. Sono, sonhos e descanso físico e mental. 
A manhã de domingo foi de calmaria, solitude, interiorização, leituras, meditação, e escolhas de como o dia seria melhor aproveitado. E de muita oração também.  A tarde chegou, e com ela, um presente único e exclusivo neste mundo grandão! Que lindo! Quanto carinho e energia boa em algo confeccionado para mim, pensado e pensando em mim, que compõe tão bem algumas de minhas características: única, sustentável, raulseixista, marcante, rústica e sofisticada simultaneamente, detalhada, um tanto significante com o coração mesmo quando desenhado, dedicada, surpreendente, e brilhante – como a luz das estrelas!



Thaís Livramento
04 de maio de 2020

quinta-feira, 16 de abril de 2020

Lego



De uns anos pra cá, a cada ano que se encerra, determino pra mim metas para o ciclo que vai entrar. Para este ano, uma das coisas é cuidar da minha saúde. Em março comecei a fazer acompanhamento nutricional, e ontem, em minha consulta de retorno, comentei com minha nutricionista que estou cheia de vontade de comer pão francês, que quando penso neste alimento que não está listado em minha dieta cotidiana, minha boca vira um brejo!
Ela me olhou, sorriu e disse que eu posso. Até porque, se surpreendeu com meus resultados. Bem em frente ao Espaço que realiza os atendimentos, tem uma padaria daquelas grandes e bonitas... E ainda na fala dela, lançou: você foi muito bem, passa ali, compra o pão e pode comer. Eu sorri. Porém, repliquei que como neste fim de semana irei pra casa de meus pais, prefiro priorizar a comer este pão lá. Na sequência de conversa, ela me disse que meus resultados foram além dos que ela esperava, justamente porque eu tenho priorizado em minha mente o que é mais viável pra mim.
A consulta terminou e retornei pra minha casa. Ao chegar, abri a porta e fiquei parada olhando a estrutura montada e ambiente limpo e agradável. Ainda sem entrar, observei e refleti detalhes... Apesar de não ser um espaço grande, tudo o que compõe é resultado de esforços unicamente meus. Desde móveis, utensílios, comida, organização e limpeza.
Entrei, tomei banho, acessei minhas redes sociais, preparei meu jantar, sentei à mesa e conversei comigo sobre tudo o que vem acontecendo em minha vida. Sobre tudo o que tenho sido permissiva. Sobre tudo o que não sei que/se quero. Sobre tudo o que tenho certeza do que não quero para mim.
Quando estou em minha solitude, me sinto mais forte mesmo que não completa. Mas, neste contexto sigo na certeza de que se alguém estiver apto a somar em minha vida, que seja de modo recíproco. Do mesmo jeito que maturidade é saber a hora de ir embora e deixar ir, é também entender que quem queira permanecer te priorize: seja com um bom dia antes da primeira postagem numa rede social, administrando dias e horas semanais para ser e estar presente, compartilhando e partilhando de conquistas e situações embaraçosas cotidianas, dando continuidade à aquele assunto iniciado numa ligação, mensagem ou pessoalmente, e fazendo entendido e entender que cada um tem identidade própria e o respeito deve ser o alicerce de relacionamentos de todas as esferas.
Relacionamentos são como o brinquedo Lego: para que dê certo, as partes precisam se encaixar permitindo muitas combinações. Que sejamos mais Lego e menos ego!


Thaís Livramento
06 de abril de 2020


domingo, 1 de março de 2020

"Que Amor é Este?"

Que amor é este que me impactou com alegria ao receber a notícia e me fez precisar de meses pra que a ficha caísse? 
Que amor é este que me fez comemorar a conquista da habilitação com a compra de um carrinho de bebê?
Que amor é este que, sem esforço, me fez abrir mão de um Carnaval em Ouro Preto – MG, com receio de sua chegada e eu estar longe?
Que amor é este que me faz repensar minhas prioridades?
Que amor é este que me mantém em orações por sua vida, mais do que pela minha própria?
Que amor é este que, antes mesmo de habitar entre nós, me faz pensar em agendas, datas e cronogramas incluindo tempo pra você?
Que amor é este, que me faz imaginar seu crescimento, participar de sua evolução, e querer planejar e interferir seu gosto cultural, como tio Celso fez por mim?
Que amor é este, que me transborda alegria pelos olhos, e não faz a cabeça doer?
Que amor é este, que fez com que meu dezembro não fosse mais o tão esperado do ano, quanto este março?
Este amor que toma conta de um grande pedaço do meu coração é a resposta de tantas preces elevadas por pessoas que são puro amor – sua família! 
Este amor, que ainda não consigo descrever, é por você, Arthurzinho! Venha, meu amor... Chegue em seu tempo, que titia - um tanto ansiosa - te espera com o amor mais bonito que Deus ensina a amar! 




Thaís Livramento
01 de março de 2020



segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Receita


Eu escrevo poesia e sei fazer pudim. Estas duas atribuições dizem um tanto sobre a minha doçura e minhas habilidades. Ser sagitariana tem me feito mais metade gente do que cavalo, uma vez que pra preparar um doce requer leitura ou memorização, ingredientes e passo a passo. Assim como a poesia, que tem como composição contextos, vai ganhando forma, vida e registro, linha após linha. A temperatura de cada um varia: é acordo com os graus do forno pra assar o doce, e a quentura que me permitirei como poeta. Porém, não levo a minha vida em ‘banho-maria’.




Thaís Livramento
13 de janeiro de 2020

sexta-feira, 5 de julho de 2019

Meu melhor show de Rock


Desde que acordei estou com um sorriso emocionado. Acontece é que já fazia muito tempo que eu não sonhava com meu tio Celso, que partiu este plano em abril de 2017.
Ele tinha prazer e dom em cozinhar, trabalhar, filmar (e detestava ser filmado!), fotografar, contar piadas, criar, sorrir e nos tirar gargalhadas... Dele, tive as melhores influências  culturais, principalmente para músicas. Eu era criança e lembro que chegava em seu quarto e ficava vislumbrada com o tantão de vinis decorando as paredes e estantes, as gavetas empanturradas de fitas k7, sua câmera filmadora M8, uma coleção de All Star de modelos variados, entre outras bagagens que bem me instruem até hoje. Quando pedia para ouvir algo diferente do que compunha a sua coleção fonográfica, meu tio respondia: "no futuro você vai me agradecer pelo que ouve hoje". E em meados da década de 80 ele já tinha razão.
Em 2018 comecei a investir em shows um tanto maneiros que os desejos de sua presença física ali, ou para ouvir meus relatos, eram/são tão grandes, que na última noite Deus me presenteou com um sonho um tanto real.
Acontecia um festival de Rock, e eu saí pra comprar cerveja e hambúrguer. Quando voltei, fixei o olhar em um homem que chamou um tanto a minha atenção. Com aspecto mais esbelto, ele vestia uma blusa vermelha por dentro da calça e usava sapatênis. Seu rosto estava com mais sinais da passagem do tempo, e carregava óculos de grau cromados na cor dourada. O traje era algo que remetia a década de 70. Na medida em que eu me aproximava, parecia não acreditar. Cheguei bem pertinho e constatei que era meu tio Celso. Quisera eu ter o dom de desenhar para reproduzir esta imagem... Ele dançava curtindo ao som do bom e velho rock’n’roll. Ao ficarmos de frente um pro outro, ele me olhou e sorriu balançando a cabeça com sinal positivo, me informando que tava tudo bem. Quando estendi a mão para tocá-lo, uma voz me disse que não seria possível, aí acordei.
Não tenho dúvidas de que essa voz era de Deus, e que realmente ainda não é o tempo de reestabelecermos contato de toque. Rezei. Pedi pela alma do meu tio que em sonho me disse que está tudo bem. Tentei dormir novamente para continuar viver aquele sonho real. Não foi possível, mas, permaneci deitada e imaginando que de onde tio Celso estiver, ele tá sacando os shows que eu tenho ido e gostaria de relatá-lo com detalhes.
Tio Celso se despediu deste plano com pouco mais de 50 anos e deixou um grande legado pra uma galera que não se resume apenas em nossa família. Ele será para sempre uma lenda e presença além do céu. Obrigada, tio... Por tudo! Jamais deixarei de te amar!






Thaís Livramento
05 de julho de 2019

quarta-feira, 27 de março de 2019

Sobre Escolhas

Se é negada, não é solidão. Esta frase é uma afirmativa minha, após ler artigos na área de Psicologia relacionada ao termo ‘errância’.
Tudo começou quando uma prima psicóloga sugeriu que eu conversasse com meus irmãos - também psicólogos (é psicólogo demais! Hahahaha) sobre isto. Porém, por morarmos em cidades diferentes e quando nos encontramos tipo a cada quinzena, os assuntos e contextos são outros. Boa leitora que sou, resolvi estudar o assunto e, possivelmente, interpretá-lo de meu modo, cheio entrelinhas leigas.
Este assunto veio à tona quando, em uma viagem, contei à prima de um possível investidor a ocupar a vaga do meu coração. Aos olhos nus, ele era um cara fantástico! Eu estava disposta a permití-lo entrar em minha vida, após avaliar a real do contexto e constatar que a pessoa fantástica da história sou eu, pois consegui fazer a leitura de algo que seria uma tentativa que não nos levaria a lugar algum.
Ele - um tanto mais velho que eu - falava em experiências, vida a dois, e construção de família. Até aí tudo bem. Mas, dia em que eu detectei que nossas afinidades não eram compatíveis, lembrei de uma foto que fiz há cerca de 10 anos.
A imagem mostra um andarilho, que provavelmente percorreria um longo trajeto a pé, com um saco envolvendo seus pertences, sem destino certo pra chegar. A verdade é que todos nós temos bagagens, inclusive de exemplos passados que não devemos repetir. Caminhar faz bem para a saúde física e mental, e é super louvável para quem pode conduzir os próprios membros. Porém, não traçar um caminho e não focar nos objetivos, passa longe de ser assertivo.
Morar sozinha e não ter um companheiro, não significa estar fechada para as relações afetivas, mas também não quer dizer que este estágio esteja relacionado à solidão. Não. Nem de gozo, tampouco de desejo. E sim de escolhas.





Thaís Livramento
27 de março de 2019

segunda-feira, 11 de março de 2019

Na Sua Estante

Por duas vezes ele a perguntou se ela escreveria sobre aquela experiência, e ela duvidosa disse que que não. Porém, a dúvida causa subjetividade. Ela resolveu eternizar nas entrelinhas as escritas das memórias que precisariam de HD’S de muitos tera.
As memórias virtuais podem ser apagadas com a ação do tempo. Diferente das reais. Os olhares, reações, expressões de vontades e reciprocidades, o pedido para o assento ao lado, as mãos entrelaçadas, a ousadia das carícias na perna, o encontro de bocas. O beijo deu match e as línguas falaram com o corpo.
- Onde é que você estava este tempo todo?
- Eu estava aqui o tempo todo, só você não viu!







Thaís Livramento
11 de março de 2019