sábado, 8 de janeiro de 2011

O Cachorrinho Atropelado

Sábado de manhã. Acordei trocando as pernas com o barulho de sons de carros que transitavam pela feira livre.
Liguei a cafeteira e meu café era preparado enquanto escovava meus dentes. Neste exato momento a menininha devia estar escovando o pêlo do seu cachorrinho. Era a primeira vez do dia que eu escovava os dentes e a última vez que ela escovava o pêlo do seu cachorrinho.
Ele era novinho, bebê, uma criança. Eu chorava como uma criança por me sentir sozinha. Liguei a lavadeira e a água lavava as roupas. Eu chorava e minhas lágrimas lavavam meu rosto.
É bem provável que no momento que eu chorava ela se divertia com seu amiguinho. Estendi a primeira remessa de roupas e ela desceu para feira com seu cachorrinho.
O barulho da feira foi ocultado ao todos ouvirem  gritos de uma criança desesperada. Da área de serviço pude ouvir os berros desesperados, gritos de perda, gritos altos, fortes emitidos por uma criança frágil.  Fui para a sacada e vi o desespero daquela pobre menina, que clamava para que os feirantes e fregueses da feira livre parassem o cachorrinho dela. Revoltei-me, pois alguns acharam graça da triste situação.
Eu da sacada, me senti inútil por saber que não daria tempo de descer do segundo andar para conter as lágrimas da menininha.
Quando ela estava chegando para alcançar seu amiguinho, o carro prata surgiu. O cachorrinho, que talvez pensasse que aquela era mais uma brincadeira da sua dona que tanto o amava, esquivou-se e pulou na frente do carro. Só após o atropelamento o pequenino parou. Ela tomou-o aos braços, onde ele deu seu último suspiro. Chorando, de forma afetuosa ela dizia: “Agora vou te levar para dormir em casa, seu fujão!”.
A menininha chorava de desespero correndo pela feira livre, apenas recuperou o corpo do seu cachorrinho. Eu impressionada com o que assisti, chorei ainda mais, porque naquele momento, cai na real de que tudo o que precisava era uma companhia. Apenas um ombro amigo.

Thaís Livramento

Um comentário:

  1. Caraca!! Essa foi triste demais. Até eu do lado de cá fiquei mal. Tomara que o domingo seja melhor, querida. O da menininha e o seu. Bjoca

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