Quarta-feira de cinzas. Dia católico tradicional. Sou católica e de família tradicional, se não formos à Missa por livre e espontânea vontade, mamãe dana a falar. Entre ouvir uma Missa rezada pelo padre e a da mamãe, prefiro a do padre.
Há pouco tempo a Igreja da minha cidade foi reformada. A reforma terminou, porém, alguns ajustes foram prorrogados, como por exemplo, a instalação de ventiladores e aparelhos de ar condicionado no templo. Eu sinto muito calor, portanto, quando vou à Igreja prefiro ir pela manhã já que está mais fresco.
Terça-feira de Carnaval, minha amiga Jô me ligou para me convidar para ir à Missa de Quarta-feira de Cinzas no Asilo “Casa da Vovó Sinhá”, o qual a mãe dela é diretora. Em primeira instância, pensei: “Como a Missa será às 16:30 estará mais fresco. Além do mais, o asilo é fresquinho”.
Juro, juro que pensei inicialmente na missa que não queria ouvir minha mãe rezando e em meu bem-estar. Bendita hora que aceitei o convite! Fomos papai, mamãe e eu. Chegamos lá, o pensamento de primeira instância foi pro beléléu, já que a visão que tive me causou calafrios. Os vovôs e vovós em cadeiras de rodas, sentadinhos nos banquinhos da varanda, caminhando com a ajuda de funcionários, bengala ou se apoiando em barras laterais todos cheirosos nos recebiam com um sorriso no rosto ou outra manifestação carinhosa.
A Missa começou. O padre, muito paciente conduziu aquele momento com muita sabedoria. Durante a celebração cristã, muitas coisas me chamaram atenção, como em outras situações que me encontro acompanhada dentro de um ambiente com mais pessoas.
Sempre fui à “Casa da Vovó Sinhá” para desenvolver meu trabalho jornalístico. Sim, a situação dali sempre me incomodou, mas eu enxergava com outros olhos, o profissional. Aquele ambiente nunca me chamou tanta atenção como naquele dia.
Era um movimento aqui, uma manifestação oral ali... Mas um senhor aparentemente novo para estar ali foi o que mais chamou a atenção. Aparentemente novo, cadeirante e muito debilitado. Pensei porque aquele homem estaria ali, já que acredito que tenha família. Visivelmente novo e tão debilitado... Penso que 50% do estado de saúde em que ele se encontra justifica-se pela ausência e falta de apoio da família. A cada palavra ‘tocante’ proferida pelo padre, o senhor emocionava-se. Mas, ao receber as cinzas, ele desabou em lágrimas! Percebi que se emocionou por sentir a presença de Deus com intensidade. Ao interpretar a cena, fui contagiada por aquele senhor, pois me arrepiei quando percebi que realmente Deus estava ali, naquele ambiente e apenas os sensíveis e necessitados das graças do Pai Maior perceberam e sentiram a presença Dele.
Eu fui uma destas pessoas. Deste dia em diante, me agarrei mais ao rebanho do Bom Pastor, e não perco a oportunidade de propagar o verdadeiro caminho da salvação. A cada gesto meu sem interesse, percebo que Deus me retribui de forma que até penso não merecer tanto!
Thaís Livramento
24 de março de 2011
Sempre penso em como deve ser terrível terminar a vida num abrigo longe da família. Ainda bem que algumas pessoas sempre têm algo a que se apegar.
ResponderExcluirbjos e bom find
Olá querida,
ResponderExcluirEstou passando para retribuir o carinho!!!
Eu senti e sinto a presença de Deus em vários momentos da minha vida. É de arrepiar mesmo!
Olha, pode contar comigo para o que der e vier.
A caminhada da gastroplastia é longa tanto no pré quanto no pós, mas é super recompensadora.
Força na peruca e vamo que vamo!