quinta-feira, 24 de março de 2011

Na Casa da Vovó Sinhá

Quarta-feira de cinzas. Dia católico tradicional. Sou católica e de família tradicional, se não formos à Missa por livre e espontânea vontade, mamãe dana a falar. Entre ouvir uma Missa rezada pelo padre e a da mamãe, prefiro a do padre.
Há pouco tempo a Igreja da minha cidade foi reformada. A reforma terminou, porém, alguns ajustes foram prorrogados, como por exemplo, a instalação de ventiladores e aparelhos de ar condicionado no templo. Eu sinto muito calor, portanto, quando vou à Igreja prefiro ir pela manhã já que está mais fresco.  
Terça-feira de Carnaval, minha amiga Jô me ligou para me convidar para ir à Missa de Quarta-feira de Cinzas no Asilo “Casa da Vovó Sinhá”, o qual a mãe dela é diretora. Em primeira instância, pensei: “Como a Missa será às 16:30 estará mais fresco. Além do mais, o asilo é fresquinho”.
Juro, juro que pensei inicialmente na missa que não queria ouvir minha mãe rezando e em meu bem-estar. Bendita hora que aceitei o convite! Fomos papai, mamãe e eu. Chegamos lá, o pensamento de primeira instância foi pro beléléu, já que a visão que tive me causou calafrios. Os vovôs e vovós em cadeiras de rodas, sentadinhos nos banquinhos da varanda, caminhando com a ajuda de funcionários, bengala ou se apoiando em barras laterais todos cheirosos nos recebiam com um sorriso no rosto ou outra manifestação carinhosa.
A Missa começou. O padre, muito paciente conduziu aquele momento com muita sabedoria. Durante a celebração cristã, muitas coisas me chamaram atenção, como em outras situações que me encontro acompanhada dentro de um ambiente com mais pessoas.
Sempre fui à “Casa da Vovó Sinhá” para desenvolver meu trabalho jornalístico. Sim, a situação dali sempre me incomodou, mas eu enxergava com outros olhos, o profissional. Aquele ambiente nunca me chamou tanta atenção como naquele dia.
Era um movimento aqui, uma manifestação oral ali... Mas um senhor aparentemente novo para estar ali foi o que mais chamou a atenção. Aparentemente novo, cadeirante e muito debilitado. Pensei porque aquele homem estaria ali, já que acredito que tenha família. Visivelmente novo e tão debilitado... Penso que 50% do estado de saúde em que ele se encontra justifica-se pela ausência e falta de apoio da família. A cada palavra ‘tocante’ proferida pelo padre, o senhor emocionava-se. Mas, ao receber as cinzas, ele desabou em lágrimas! Percebi que se emocionou por sentir a presença de Deus com intensidade. Ao interpretar a cena, fui contagiada por aquele senhor, pois me arrepiei quando percebi que realmente Deus estava ali, naquele ambiente e apenas os sensíveis e necessitados das graças do Pai Maior perceberam e sentiram a presença Dele.
Eu fui uma destas pessoas. Deste dia em diante, me agarrei mais ao rebanho do Bom Pastor, e não perco a oportunidade de propagar o verdadeiro caminho da salvação. A cada gesto meu sem interesse, percebo que Deus me retribui de forma que até penso não merecer tanto!

Thaís Livramento
24 de março de 2011

2 comentários:

  1. Sempre penso em como deve ser terrível terminar a vida num abrigo longe da família. Ainda bem que algumas pessoas sempre têm algo a que se apegar.
    bjos e bom find

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  2. Olá querida,
    Estou passando para retribuir o carinho!!!
    Eu senti e sinto a presença de Deus em vários momentos da minha vida. É de arrepiar mesmo!
    Olha, pode contar comigo para o que der e vier.
    A caminhada da gastroplastia é longa tanto no pré quanto no pós, mas é super recompensadora.
    Força na peruca e vamo que vamo!

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