quinta-feira, 2 de junho de 2011

Mas que eu falei, falei!

Se ‘indústria cultural’, é aquela criada com um objetivo específico atingir a massa popular, onde é que me enquadro?
Vivo em uma sociedade que vive dizendo que quer tudo do bom e do melhor, mas não cansa de agir maciçamente. Aquele lance de ‘cada um no seu quadrado’ foi por água abaixo. Foi sim, porque a massa a qual me refiro é a sociedade classes a, b, c, d, alfabeto inteiro, já que as pessoas curtem e não cansam de procurar saber da vida alheia.
É muito triste estar em um local e em poucos minutos alguém virar pra você e sair algo do tipo ‘você soube que Fulana tá grávida? Bem feito, pra mãe dela calar a boca!”ou “Cicrano e Beltrana se separaram, quem diria, hein?”
Outro dia eu estava em um determinado lugar em que mulheres casadas estavam comentando o insucesso matrimonial das pessoas. Não aguentei e, sem ser convidada, interferi na conversa. A princípio, pensei que eu fosse linchada da discussão, mas eu não estava nem aí para o que as pessoas fossem pensar ou achar de mim, estava me importando mais com o que elas precisavam ouvir, saber que em meio a um grupo massificado, existia alguém que passasse em um filtro.
Falei às jovens senhoras casadas que assuntos daquele tipo não poderiam ser ditos em lugares públicos em alto e bom tom comemorativo. Falei ainda que um divórcio deve ser algo muito triste. Sim, ‘deve’ ser porque já passei por uma crise e não foi nada fácil, mas, graças a Deus a ideia do divórcio não foi levada adiante.
Não estou querendo crucificar as pessoas que não conquistaram a felicidade na vida conjugal, pelo contrário: quero dizer que as pessoas devem prezar pela felicidade individual sim. O mais engraçado, foi que no meio do contexto, encostou uma senhora que aparentemente (pelas palavras proferidas) não está bem no seu casamento. Quando ela mencionou que casamento não presta, rapidamente entrei e cortei: ‘Então, porque permanece casada?’. Sem pestanejar ela explicou que a sociedade cobra muito, que não aguentaria ser apontada pelas pessoas como ‘a separada’ ao passar pelas ruas de uma cidade pequena. Daí, contestei novamente: ‘Se você não faria porque acha ruim, porque alimenta essa roda de discussão? Você devia era tirar o chapéu para as pessoas que venceram a covardia, o medo e tudo mais em busca de uma vida melhor.’ Não contente, ela retrucou perguntando se sinônimo de felicidade era estar solteira. Passei-lhe um rabo de olho e deixei o silêncio responder a tal pergunta ignorante.
Após longos minutos de conversa, algumas casadas começaram a falar das coisas boas que o casamento proporciona. E proporciona mesmo! Eu costumo dizer às minhas amigas que querem casar, pra pensarem muito, pois atualmente as pessoas confundem casamento com brincar de casinha. E mais, para quem já passou por uma separação, sabe melhor que eu o quanto um divórcio deve ser doloroso... Além das questões legais, um divórcio envolve a principal parte, o lado afetivo, os filhos nascidos ou planejados durante o namoro, os bons laços sentimentais construídos entre as famílias, amigos, colegas, aquela xícara de tomar leite quente em dias frios, o primeiro pano de prato ganhado daquela tia que faz um bordado como ninguém, um sobrenome que deveria ser adotado com amor e não dispensado por irracionalidade, o primeiro beijo, uma noite de amor inesquecível... Uma série de fatores que a massa aculturada não pensa. E não pensa mesmo, pois falar e apontar alguém é muito fácil, passar pela situação, ninguém nem imagina o que é.
Mas, enquanto a parte aculturada da cultura de massa não ordena os pensamentos, a melodia nunca vai parar, afinal, é fato que para a maioria estar no seu quadrado é mais difícil do que cantar: “Vai ser feliz!?! Vou não, quero não, posso não, a sociedade deixa não, não vou não, quero não...”

4 comentários:

  1. Casamento é assunto complexo. Assim como o amor, um não devia existir em o outro.

    Quem esta feliz no casamento, so falara bem, que não está, tera muitas criticas, e alegrias também, é claro.

    Eu tambem não compreendo mulheres que não satisfeitas, apenas moram junos e não se separam por se importar no que os outros irão falar. Socideade muito infeliz a nossa que encontra alegria falando mal do proximo, e mais infeliz o proximo que se preocupa com isso.

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  2. oI THAIS....

    É casamento é uma coisa complicada......concordo com o Filipe , que quem está mal, vai falar mal...e quem está bem...fala super bem..
    Agora tem pessoas que estão ali presas aos casamentos mesmos....
    Te dou exemplo da minha mãe....casamento de mais de 35 anos....sem respeito...mais no sentido de palavras, meu pai não tem paciencia com ela...a responde muito.....e tenho certeza que ela é infeliz,....mais largou tudo na época pra ficar com ele....estudos, emprego, viveu pra casamento e agora como recomeçar tudo na altura do campeonato....eu sei que pra gente sempre tem uma soluçao...mais pra minha mãe é mais fácil, ficar no casamento e ir aguentando,,,por isso essas pessoas falam mal...mais nao saem...

    beijinhos

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  3. Falou tudo thais! Besos... srsrs :D

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  4. Gosto da análise, querida. Tem tanta coisa boa pra discutir na vida... conversa pequena sobre os relacionamentos alheios é - além de tudo - uma enorme perda de tempo. Mandou bem!
    bjão

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