quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Amar é proibido?


Era uma turma de amigos. Saíam juntos para os bailes da vida. Naquela época havia respeito, camaradagem, amizade verdadeira. Com o passar do tempo, tomaram rumos diferentes. Cada um, seguindo seu destino e sua vida, conheceram outras pessoas, se envolveram. Casaram, constituíram família. Encontravam-se em casamentos, festas e enterros. Assim mantinham contato.
Anos se passaram. Os filhos cresceram e pela criação dos pais, acabaram gostando das mesmas coisas. Os mesmos bailes, as mesmas músicas. Frequentavam lugares em comum na maioria das vezes sem saber que seus pais eram amigos.

Um dia eles se encontraram. Em um aniversário, de uma amiga em comum. Ela, com sua turma. Ele com o irmão e o primo. A mãe de uma de suas amigas o reconheceu por ser a cara do pai. A filha se interessou por ele. Ela, pelo irmão dele. Passaram a se encontrar e aos poucos foram descobrindo que seus pais se conheceram e faziam parte de uma turma. Foram estreitando os laços, se tornado amigos. Ele namorou com a amiga. Ela com o seu irmão. E os dois se tornavam cada dia mais amigos.

Depois de alguns contratempos e de algum tempo sem se vêem, encontraram-se. E a partir deste dia, todos os dias se viam, conversavam horas, riam juntos, ouviam música.
Naquela tarde, ela se sentiu estranha. Quando o viu uma sensação diferente se apoderou dela. Seu coração disparou, suas mãos suaram. Pensou que fosse um mal estar passageiro, uma premonição. E era. No meio da conversa, ele a olhou nos olhos e sem uma palavra a beijou. Ela não resistiu a princípio, talvez por ter sido pega de surpresa. Mas rapidamente caindo em si, deu-lhe um empurrão e saiu correndo para fora da casa. Encostou-se para tentar recuperar o juízo e o fôlego. Como isso acontecera? E porque sentira que o chão fugira sob seus pés? Aquela sensação de enlevo, aquela batedeira no coração. O que estava acontecendo com ela? Afinal, até aquele momento ela era apaixonada pelo irmão dele. Não podia deixar que aquele turbilhão de pensamentos e sensações loucas a dominassem. Não seria certo nem justo com a outra pessoa. Mas antes que ela concluísse seus pensamentos, ele foi atrás dela e a beijou novamente. Ela tentou impedí-lo dizendo que tinha um relacionamento com o irmão dele. Ele a olhou no fundo de seus olhos e lhe disse que não adiantaria ela fugir, porque estavam predestinados um para o outro. Ele seria dela para sempre e ela dele. Estava escrito.  Essas palavras tiveram o efeito de uma bomba. Ela tentou lutar contra o amor que nascera dentro dela por muito tempo. Mas não deu certo.
O tempo passou, pessoas se magoaram, mas as palavras dele continuaram fortes em seus pensamentos. Contra tudo e todos ficaram juntos. Tiveram seus altos e baixos, se separaram e se amaram diversas vezes.
Hoje, dezessete anos depois muita coisa aconteceu. A vida os levou por caminhos diferentes. Cada um tem seu modo de encarar e levar suas vidas. Estão separados, mas continuam juntos. Em pensamento, no coração. Na amizade e até na irmandade que os une. Na paixão. Nos encontros que ainda existem eventualmente eles se entregam a paixão, sonham e planejam uma vida juntos que ambos sabem jamais acontecerá.
Ela se magoa com o fato dele não a ter assumido verdadeiramente. Cobra sua omissão em encarar uma vida diferente ao lado dela.
Ele cobra dela atitudes que julgou serem importantes para provar que o amava e ela não as teve. Foge da verdadeira razão pela qual não a assumiu. O fato de não querer encarar a vida que teria sido diferente se estivesse com ela.
E assim se resume esta história de amor. Que teve começo, meio e desconheço o fim. Mas que deixa a certeza de que todos os amores são possíveis mesmo que não estejamos ao lado de quem amamos. Pois o que vale é o que se carrega dentro do peito, na essência da alma. É o amor incondicional, que resiste ao tempo, às tristezas, às decepções, mas sobrevive dentro de nós e em algum tempo se transformará.

Bjbj,
TL.

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