quinta-feira, 18 de novembro de 2010


Foi logo que o sol chegou. Minhas mãos eram pequenas e as palavras não cabiam em minha boca.
Vieram me carregando e cantando para eu dormir, acalantos de esperança, braços fortes de determinação.
Eram eles, só os dois.
Cada hora um, ou logo juntos, mas sempre um só em ternura.
O vento lá fora soprando sem cessar.
Minhas mãos cresciam e eu já falava as palavras deles. Conhecimento. Davam-me alento.
Seguravam minhas mãos (já não me embalavam mais) e meus passos eram tortos: embriaguez de ignorância.
Os “passos de gigante”, que eu tanto adorava, faziam-me caminhar com pernas alheias e experimentar passos maiores do que os meus curtos passos de aprendiz.
Aprendia a contar com eles (como eternamente), e nisso a arte da humildade. Em solidariedade.
Vieram as palavras escritas, as contas – tabuada –, ciências e estudos sociais. E nós três juntos, estudando, aprendendo a viver.
O vento lá fora soprando sem cessar. Ou o tempo que passava?
O aprendizado eterno: vida na escola, a escola da vida e educação familiar.
De tanto andar, surgiram as conquistas. Vem Faculdade. Mais desafios. Surge o primeiro emprego.
Veio o casamento.
Procuro vocês pelos cômodos do lugar que moro e não os encontro.
Mas sinto vocês por perto em cada batida do meu coração.
Encontro mais amor na nova fase da minha vida. Que bom! Meu esposo me ama.
Mas me procuro, procuro e tento, me encontro em vocês.
Cadê os “passos de gigante”? Já não me podem carregar, mas sinto suas mãos sempre me guiando.
O sol ainda não está a pino, eu sei. Sei de mais uma meia dúzia de coisas. E só.
Mas de certeza tenho que o vento lá fora sopra sem cessar e que os braços deles são meu apoio e lição. Seus braços são meu maior legado, principalmente agora que minhas mãos já são grandes e não sei ao certo usar as tantas palavras que aprendi.
Agora que uma vida de minhas tantas se acabou, sinto o sol me queimar os ombros e posso olhar para trás e sorrir.
Vejo nos olhos deles o brilho do meu sorriso. O sorriso que eles me ensinaram a mostrar, os lábios e a voz que eles me ensinaram a usar para oferecer-lhes minha vida e conquistas para assoviar um agradecimento.
Como o vento, que não para de passar; ou como o tempo, que não cessa de soprar.
Papai e Mamãe,
Amo vocês!

Thaís Mota do Livramento Costa

3 comentários:

  1. Perfeito post... Verdadeiramente, Viajei...

    Bjsss

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  2. Oi meu amor passei por aqui!
    Sabe, eu gosto muito de suas inspirações...
    Grande Beijo!!!

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  3. Lindo, lindo, lindo! Thanks pela dica. Thanks por compartilhar esse carinho. Parabéns! bjo

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